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31 de outubro de 2010


Os versos que te dou



Fascinada em delírios do amor que te sinto,
rabisco palavras lascivas num papel desbotado,
rebentos de lágrimas marcadas pelo tempo,
busco nas lembranças 
o formato do teu rosto enevoado...

Mantenedora ainda desse discurso cheio de sentimentos,
a pena tem pena de rabiscar palavras soltas, 
mas o coração escreve
transparências, argumentos, sintomas 
da prisão que estou envolta.

O papel funde grafias distorcidas
já que a voz falha 
e atrapalha o meu expor,
um destino sem páginas 
se apresenta,
tentando registrar 
meu endividamento de amor.

Escrevo meu avesso,
as feridas lambidas pelo tempo.
Escrevo a ausência 
de mim mesma,
as estruturas psíquicas 
de um amor doente, mordaz,
porém, translúcido e intenso, 
eterno além das dores,
porque amores são amores
em nada iguais.

EDNA FIALHO