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10 de outubro de 2010

Convença-me!

Convença-me de que não mais me queres!
Que quando me olhas
não se deslocas até minha boca
e perde-se em devaneios.
Convença-me que não ficas incinerado
pelo olhar descuidado, embriagado
e sujeito a loucura dilaceradora
de ter-me em ti.
Que não divagas entre as minhas coxas que se desnudam atrevidas,
quando o vento eleva minha saia
e mostra-te resquícios de meus joelhos.
Convença-me de que
não entras em ebulição
quando sentes o meu cheiro a te açoitar,
ao perceber meu ventar
passando entre tuas lembranças
revoltas e avassaladoras...
Convença-me que não representei vida
e que um dia não te matei de ciúmes...
Convença a ti mesmo
que não sou pra sempre, o teu éden,
a tua comoção diária, o teu furor.
Convença a ti mesmo
que consegues viver
sem minhas carícias madrugada a dentro...
Que o delito de amor é muito menor
que o nó que se formou
e que não deixei vestígios em tua alma.
Convença a ti mesmo
que não sou ainda, a única
e só depois venha me falar...
De sóis e luas,  de mundo
e de tudo e nada... Só depois! 



 
Edna Fialho em 10/10/2010